Cuidado ao sacudir os Bebês.




Hoje assisti num jornal uma reportagem que fala de uma pesquisa, que comprova que sacudir os bebês quando o seu cérebro ainda não está completamente desenvolvido pode causar a SINDROME DO BEBÊ SACUDIDO, que pode afetar alguma área do cérebro causando dificuldade na aprendizagem,pode afetar o desenvolvimento motor e em 25% dos casos levar a morte;pois no ato de sacudir o bebê que possui um espaço dentro da sua cabeça para o desenvolvimento do cérebro,este cérebro pode sofrer lesões,que afetará o desenvolvimento da criança.


Pesquisei e resolvi postar aqui.
Leia:

A síndrome do bebê sacudido (SBS) ocorre devido a movimentos de aceleração e desaceleração associados a forças de rotação, impostos a crianças de 0 a 5 anos, na maioria dos casos por abuso ou maus tratos, tendo como conseqüência a tríade que caracteriza a síndrome, que é composta por: encefalopatia, hemorragia retinal e subdural (Lancon et al, 1998; David, 1999; King et al, 2003; Harding et al, 2004), ainda que lesões cervicais (Harding et al, 2004), vasculares e edemas cerebrais possam ser observados (Isaac & Jenny, 2004).
Não é possível afirmar a incidência com clareza, pois muitos dos casos não são reportados e, em alguns, o caso de maus tratos não é evidente (King et al, 2003), e pelo fato de que em 30-40% dos casos, a criança apresenta lesão preexistente na cabeça (Reece, 2004). E soma-se a isso o fato de que 15-27% das crianças vítimas de abuso vão a óbito (King et al, 2003).
A lesão pode acontecer por duas situações: Lesão por contato e Lesão sem contato (David, 1999).

1. Lesão por Contato: São aquelas em que a cabeça da criança se choca com algum objeto. Nesse caso, a criança pode apresentar além da hemorragia, lesões do parênquima e fraturas do crânio

1. Lesão sem Contato: Nesse caso, o mecanismo causador é o processo de aceleração e desaceleração sofrido pelo crânio. Podem ocorrer movimentos do cérebro em relação ao crânio e a dura-máter, rompimento de veias e lesão axonal difusa.

Em ambos os casos, a hemorragia está presente e é indicadora do abuso (Kivlin et al, 2004), ainda que não possa ser considerada um sinal patognomônico da SBS, pois outras situações clínicas também podem ser responsáveis por ela (Reece, 2004).
Quadro Clínico:

* Retardo mental; (King et al, 2003; Isaac & Jenny, 2004)
* Distúrbios comportamentais; (Isaac & Jenny, 2004)
* Déficits visuais; (Isaac & Jenny, 2004; Kivlin et al, 2004)
* Espasticidade; (King et al, 2003)
* Quadriparesia; (King et al, 2003)
* Compromentimento motor severo; (King et al, 2003; Isaac & Jenny, 2004)
* Epilepsia (Isaac & Jenny, 2004)

Fonte:http://www.efisioterapia.net

Reciclar(artesanato)





Artesanato confeccionado com caixa de papelão.
Material:
caixa de papelão
tecido
tesoura
cola quente
fita
tnt



Cubra a caixa com o tecido,para colar o tecido a caixa use cola quente.
Para dar um toque especial forre a caixa com tnt ou com o mesmo tecido.
Para o acabamento ponha fita,ou passa manaria,fica muito linda e da pra guardar muitas coisas.


Produzido por mim srs rs Leonice Luciene.

Literatura Infantil em Sala de Aula



Trabalho apresentado pelas alunas do curso de Pedagogia 4º P Faculdade FAMA
Apresentado por:Alana Camara,Assunção Barbosa,Maria Aparecida,Leonice Luciene,Marta Lage.

Trabalhando o livro Cadeira de Piolho de Maria Lucia Amaral,nascida em Olinda, Pernambuco, escritora, jornalista, teatróloga e cantora. Pedagoga e técnica em assuntos educacionais pelo mec.



O livro Trata de :
Valores
Higiene
Sentimentos
Mistério
Persistência



Sugestão de Metodologia.
No primeiro momento a professora apresenta o livro aos alunos ,fazendo a leitura em voz alta.



No segundo momento a professora faz perguntas aos alunos a respeito do contexto da história,em seguida pede a eles que reconte a história de acordo com sua imaginação.Para isso a professora utilizara um baú que possui alguns personagens da história.



A professora começa a história e com os alunos em circulo pede que continuem a história a partir dos elementos mostrados,um aluno por vez.


Fantoches de papel
Vastí Goes Mendonça

Material:
• Papel retangular
• Cola e tesoura
• Canetinhas coloridas
• Fita adesiva
• Papel crepom
Dicas da arte-educadora:
Com este simples e divertido recurso didático, você dará às suas aulas um toque de ludicidade, fazendo delas uma “festa”!
Esse recurso nos dá uma boa liberdade de escolha de material, cor e tamanho, por isso sugiro que, para apresentações, use meia cartolina para cada boneco e, para o manuseio dos alunos, uma folha de papel tipo ofício.
Caso deseje confeccionar um fantoche maior, lembre-se de que a cartolina inteira fica pesada. Para que não escorregue dos seus dedos durante a apresentação, cole dois pequenos pedaços de papel crepom no interior das aberturas em que há contato com a ponta dos dedos.
Surpreenda seus alunos com variações na decoração dos fantoches elaborando alguns animais, como pato, cão e gato. Convide-os para confeccionarem seus próprios fantoches e dê-lhes a oportunidade de, através deles, conversarem sobre a aula. O resultado será impressionante! Agora, educador(a), é com você e sua criatividade! Boas aulas!
Desenvolvimento:

1. Posicione o papel na horizontal e dobre-o ao meio, como um cartão, apenas para marcá-lo.


2. Abra-o e dobre suas laterais para dentro, na marca feita anteriormente, como se fossem duas portas.



3. Feche os dois lados, formando uma coluna.


. Dobre a coluna ao meio.

5. Agora, dobre as pontas da coluna para trás, para os lados contrários, unindo-as ao centro, formando a letra M.


6. Decore a parte superior com olhos e nariz desenhados ou colados. Os cabelos, feitos de papel crepom, serão fixados com fita adesiva. Dentro da boca, cole uma grande língua.


7. Para manusear o fantoche, encaixe o polegar na primeira abertura do lado inferior e o restante dos dedos na primeira abertura superior.

Algumas coisas que você deve saber sobre a criança



Você bem sabe que criança é curiosa naturalmente, surpreendente nas suas perguntas, na sua forma de angular as coisas, de descobrir algo insuspeito... Ah, ela sabe muito bem sabido que quem tem boca vai a Roma e nem precisa de ajuda especial pra sair fazendo perguntas... Devagarinho, sem pressa, vendo e assuntando, percebe que, de grão em grão a galinha enche o papo e que há muitos grãos por esta vida para ir saboreando e conferindo...

Claro, a cada momento você se depara com a criança crítica. No olhar, no jeito de acompanhar algo dito como verdade absoluta, na resposta não dada a cada pergunta feita, ela saca que a bom entendedor... meia palavra basta. E como basta! No deboche que faz duma situação, no comentário sobre um programa de TV ou uma atuação no futebol, quando vê o adulto perdendo a compostura porque não sabe o que dizer ou não tem honestidade para dizer que não sabe, ela vê bem claro que quem desdenha quer comprar...

Que criança é perspicaz, é só a gente estar atento para perceber... Aguda, vai fundo, se espanta com o que descobre e nos espanta como lida com isso. Para fazer novas alianças, aproximações, pactos, já viu que duro não faz muro... E que para medir ou compreender comportamentos adultos insólitos, contraditórios, é até fácil. Afinal, quando a esmola é muita, o santo desconfia. E ela, não? Ora...

A criança é responsável (ou pode ser, como qualquer adulto) na medida em que está envolvida com o problema (seja de informação escolar, de prova, de dever de casa, de grupo de escoteiros ou de teatro, etc). Se está interessada, se lhe diz respeito, se lhe inquieta, vai, e vai com tudo.... Senão, aprende logo que cria fama e deita na cama, isto é, faz um joguinho pra fazer de conta que nunca faltou na aula, faz perguntas pra aparecer... Imagine se ela acredita que bate-se no ferro enquanto está quente. Para quê?

Ela enfrenta o poder adulto como pode. Dependendo da situação, da circunstância, do momento, ela desmoraliza ou obedece.... Sabe fazer de conta que está entrando no jogo, que até concorda com todo aquele disparate e falta de controle... Afinal, ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão... Como pode ficar sentida, magoada ou simplesmente levantar os ombros e dar debochada. Que o hábito não faz o monge ela não só sabe, como perdoa ou encara tipo olho no olho... É conferir, pra saber quem está com a verdade...

Sabe também distinguir muito bem o que lhe interessa, o que lhe importa, naquele momento. Se estiver preocupada com uma determinada informação, algo que desconhece, e quer encontrar uma resposta, está inteirada de que a fome é a melhor cozinheira... Se quer enfrentar uma situação, uma pessoa, um conflito interno, uma possibilidade de andança também está inteirada de que o barato sai carro... Por tanto, é melhor ir com tudo, de cabeça (se não é tão importante assim, deixa pra lá...(Como qualquer um de nós).

Ah, ela pode ser agressiva, briguenta, perversa, aprontadeira... Não é nenhum ser idealizado, nenhum anjo de candura, já mexeu muito em planta para saber que não há rosa sem espinhos, já levou unhada de bicho e tapa de colegas e adultos.

Vê gente brigando o tempo todo, em todos os lugares, pra ter o direito de ficar chateada quando esquecem que quem tem telhado de vidro não atira
pedra no vizinho. Por que só ela não pode?

Como, também, é amorosa, carinhosa, afetiva, querendo afagos, atenção concentrada, declarações de amor constantes. Desde muito petitinha intui que isto de que é de pequeno que se torce o pepino, além de doloroso, tem se mostrado ineficaz... E que uma das piores formas de relacionamento entre as pessoas (de qualquer idade) e de qualquer tipo de interação: mãe/professora, etc.) é aquela que magoa muito com a excusa de que há males que vêm para bem..

Claro, criança também tem tristeza, tem melacolia, fica com lágrimas nos
olhos à toa (ou não à toa assim), sofre, porque dizer que ela é feliz só porque ainda não é adulta é uma mentira braba! Como é dizer que após a tempestade vem a bonança (nem sempre, nem sempre...), ou que longe da vista, longe do coração, como se as pessoas só sentissem ou chorasem quando estão pertinho de alguém que as machucou lá no fundo...

Ela tem seu sentimento de justiça e de injustiça bem afiada. Já levou bastante na cabeça pra saber que a corda arrebenta do lado mais fraco. E quem é mais fraco do que ela? Já foi traída, já foi acusada sem razão, já levou cascudo por conta de outros, já ficou bastante de castigo sem saber por quê... Mas, torce, espera que um dia o feitiço vire contra o feiticeiro, e que a justiça se faça, que ela seja ouvida, que tenha o direito de defesa... Nem é pedir tanto assim, não?

Nem precisa dizer (ou precisa?) que criança é inteligente, sabida, viva, sábia às vezes... Tem clareza, para ela, que não há pior cego do que aquele que não quer ver, e que, portanto, é melhor estar com os olhos abertíssimos, pra conhecer, saber, inteirar de tudo que lhe interessa. Como percebe, entre os adultos que estão perto dela, que na terra dos cegos quem tem um olho é rei, e que, portanto, quem manda, quem diz que sabe tudo, quem desmanda etc. Muitas vezes não passa de um caolho... Porque, quando está cercada de pessoas que não são miopes intelectuais ou afetivos, a relação é de outro tipo... Sim, criança é imaginativa, criativa, solta, espontânea, mágica, lúdica, inventiva, conforme se estimule ou se reprima para que seja ou não tudo isso... Afinal, se Deus escreve certo por linha tortas, por que querer tanto enquadrar, usar régua e caderno pautado (com tudo o que isso significa...) com a criança? Nem precisa se preocupar em melhorar a caligrafia dela... Importantre é que ela conte quem é, do jeito que é, da forma que está procurando crescer... E que você a ajude a ser! Sem pensar em clichês estagnados. Criança é dinâmica, e é na soltura mútua, cálida e verdadeira que o encontro dela com o adulto pode se realizar de modo inteiro e prazeroso pros dois. De pessoa para pessoa!
Extraído do saite:http://www.construirnoticias.com.br/

A história das crianças negras no Brasil.

...Para começar, a história sobre a criança, feita no Brasil, assim como no resto do mundo, vem mostrando que existe uma enorme distância entre o mundo infantil descrito pelas organizações internacionais, por ONGs ou autoridades e aquele no qual a criança encontra-se cotidianamente imersa. O mundo do que a “criança deveria ser” ou “ter” é diferente daquele onde ela vive ou, no mais das vezes, sobrevive. O primeiro é feito de expressões como “a criança precisa”, “ela deve”, “seria oportuno que”, “vamos nos engajar em que”, etc., até o irônico “vamos torcer para”. No segundo, as crianças são enfaticamente orientadas para o trabalho, o ensino, o adestramento físico e moral, sobrando-lhes pouco tempo para a imagem que normalmente se lhe está associada: aquela do riso e da brincadeira.


No primeiro, habita a imagem ideal da criança feliz, carregando todos os artefatos possíveis capazes de identificá-la numa sociedade de consumo: brinquedos eletrônicos e passagem para a Disneylândia. No segundo, o real, vemos se acumularem informações sobre a barbárie constantemente perpetrada contra a criança, materializadas nos números sobre o trabalho infantil, naqueles sobre a exploração sexual de crianças de ambos os sexos, no uso imundo que faz o tráfico de drogas de menores carentes, entre outros. Privilégio do Brasil? Não! Na Colômbia, os pequenos trabalham em minas de carvão; na Índia, são vendidos aos cinco ou seis anos para a indústria de tecelagem. Na Tailândia, cerca de 200.000 são roubados anualmente às suas famílias e servem à clientela doentia dos pedófilos. Na Inglaterra, os subúrbios miseráveis de Liverpool produzem os “baby killers”, crianças que matam crianças. Na África, 40% das crianças entre 7 e 14 anos trabalham.

Pensar tais questões, assim como seus antecedentes históricos, vem sendo uma preocupação geral, para especialistas ou não.

Desde o início da colonização, as escolas jesuíticas eram poucas e, sobretudo, para poucos. Se as crianças indígenas tiveram acesso a elas, o mesmo não podemos dizer das crianças negras, embora saibamos que alguns escravos aprendiam a ler e escrever com os padres2. O ensino público só foi instalado, e ainda assim mesmo de forma precária, durante o governo do Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII. Os cuidados com a evasão, com o ensino da religião cristã, das “obrigações civis” ou dos chamados “Estudos Maiores” não cobriam, contudo, as necessidades de uma parcela importante da população: aquela constituída por filhos de forros3. Nos documentos, nem uma palavra sobre a educação de crianças negras ou de filhos de escravos, salvo a religiosa que, segundo o jesuíta Antonil, era obrigatória. Essa obrigatoriedade acabou empurrando o catolicismo para dentro dos rituais de candomblé afro-banto: “O kêrêkêrê – relampejou! Pelo Cálice e pela Hóstia!(...) Noé, Noé, Sua barca é-vem! É-vem cheia de caboco, completa ou sozinha sem mais ninguém!”4.

No século XIX, a saída para os filhos dos pobres não seria a educação, mas a sua transformação em cidadãos úteis e produtivos na lavoura, enquanto os filhos de uma pequena elite eram ensinados por professores particulares. Reclamada desde 1824, e criada em 1856 para atender às necessidades de uma população livre e vacinada, a escola pública proibia seus assentos às crianças escravas. Às pobres, provavelmente mulatas e negras, reservava espaço quando se tratavam daquelas que demonstravam “acentuada distinção e capacidade”. Examinando relatórios de mestres, lecionando em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, no final do século XIX, Alessandra Martinez de Schueler6 demonstra que, segundo esses, uma parcela diminuta de alunos era constituída por libertos “pretos”, além de um “número pequeno de cor parda”. A desigualdade social e racial inscrevia-se, portanto, nas origens do ensino público que não era para todos. Mas para alguns.

Para as crianças libertas com a Lei do Ventre Livre (28/09/1871), sobrou a perspectiva do ensino profissionalizante. Institutos privados, na sua maior parte de origem religiosa, como o do Sagrado Coração de Jesus ou o abrigo Santa Maria em São Paulo, recolhiam crianças pobres e davam-lhes um mínimo de preparo prático para ofícios manuais5. Schueler lembra ainda, num dos seus artigos, que a mesma lei previa que a educação dos “ingênuos” (termo que designava crianças de até 5 anos) fosse entregue ao governo pelos senhores. A instrução primária e o encaminhamento dos filhos livres das escravas para os ofícios manuais foram projetados no texto legal. Quando das grandes reformas urbanas que atingiram as capitais dos Estados, no final do século XIX, vozes como as de Cândido Motta, Moncorvo Filho e Bush Varella, juristas e médicos, imprecavam contra a presença crescente de crianças nas ruas – as negras eram maioria –, exigindo solução para estancar a circulação desses “desgraçados, sem teto, sem lar, sem educação, sem instrução e sem ordem”. Na República, recém-proclamada e que ostentava na bandeira o lema “Ordem e Progresso”, a infância negra prometia desordem e atraso. Na capital, Rio de Janeiro, pequenos mendigos, indigentes e vadios faziam da Praça XV, do Arco do Telles e das portas de igrejas o seu ponto de apoio.6 Quarenta anos depois, o Estado Novo criava, em 1941, o Serviço de Atendimento ao Menor (SAM), sistema que ajudou a criminalizar definitivamente o menor de rua7. No primeiro quartel do século XX, a população de crianças carentes tinha que defrontar-se com um binômio imposto pela sociedade burguesa: lazer versus trabalho e honestidade versus crime. Normalmente foram associadas ao trabalho e, na ausência deste, ao crime. Os rostos de crianças negras são os mais freqüentes nas imagens mostradas sobre a Febem.

No final aquele mesmo século, o trabalho infantil continua, contudo, sendo visto, pelas camadas subalternas, como “a melhor escola”. Pais pobres, com renda inferior a meio salário mínimo, exigem que seus filhos trabalhem para incrementar os rendimentos do grupo familiar. “O trabalho – explica uma mãe pobre – é uma distração para a criança. Se não estiverem trabalhando, vão inventar moda, fazer o que não presta. A criança deve trabalhar cedo.” E, pior, hoje, afogados pelo trabalho, quase 60% desses pequenos trabalhadores, no Nordeste, são analfabetos e entre eles a taxa de evasão escolar chega a 24%. No sul do País o cenário não é muito diferente. Trabalhando em lavouras domésticas ou na monocultura, as crianças interrompem seus estudos na época da colheita, demonstrando que estar inscrito numa escola primária não significa poder freqüentá-la plenamente. Assim, o trabalho, como forma de complementação salarial para famílias pobres ou miseráveis, sempre foi priorizado em detrimento da formação escolar. Nesse quadro, a criança negra e analfabeta tornava-se uma espécie de testemunha muda, silenciosa, de seu tempo8.

Quanto à evolução da intimidade, sabemos o quanto ela sempre foi precária entre nós. Os lares mono-parentais; a mestiçagem; a pobreza material e arquitetônica, que traduzia-se em espaços onde misturavam-se, indistintamente, crianças e adultos de todas as condições; a presença de escravos, forros e libertos; a forte migração interna, capaz de alterar os equilíbrios familiares; a proliferação de cortiços, no século XIX, e de favelas, no XX, são fatores que alteravam a noção de que se pudesse ter no Brasil, até bem recentemente, privacidade, tal como ela foi concebida pela Europa urbana, burguesa e iluminista. A noção de privacidade para escravos é ainda mais complexa de ser pensada. Ela não passa pela constituição de espaços de intimidade. Passa, sim, por seu corpo. Seu território privado é o “eu”, espécie de bolha irregular e protetora, mais ou menos desenvolvida de acordo com a sua condição na sociedade. Na busca de interação ou em atitudes de rejeição, o território do eu permitia marcar um certo espaço ou violar o dos outros. A intimidade de mães e filhos, por exemplo, elaborava-se não em casa, mas na rua. Nos relatos de viajantes, demonstra Kátia Q. Mattoso,11 crioulinhos e pardinhos acompanham suas mães nas tarefas do cotidiano. Quando, muito novos para correrem pelos caminhos e pelas vias públicas, iam arrimados nas costas de suas mães, envolvidos por panos coloridos. A proximidade do seio materno, do dialeto no qual as mulheres se comunicavam, os adornos de coral e os balangandãs que usavam contra forças maléficas e até a forma como penteavam seus cabelos e o de suas crias faziam parte desse território do eu, dividido, no aconchego do colo, entre mãe e filho. A passagem da alimentação mista para a semi-sólida operava-se com infinita precaução, não percebida, todavia, pelos viajantes estrangeiros. A técnica de pré-digestão de alimentos embebidos na saliva materna significava muito mais um cuidado do que falta de higiene. Na tradição africana, era comum a mastigação de sólidos e a passagem destes, em forma de bolo cremoso, para a boquinha dos pequenos. Era habitual, também, dar de comer aos pequenos pirão de leite ou farinha seca com açúcar bruto, de manhã, leite com jerimum ou escaldado de carne no almoço. O prato de resistência era o feijão cozido, servido com farinha ou machucado à mão. Leite de cabra era considerado fortificante. Para se comunicar, as mães negras criaram uma linguagem que em muito colaborou para enternecer as relações entre o mundo infantil e o mundo adulto. Reduplicando as sílabas tônicas, pronunciavam com especial encanto: dodói, cacá, pipi, bumbum, tentém, dindinho, bimbinha. Para adormecê-los, contavam-lhes estórias de negros velhos africanos, papa-figos, boitatás e cabras-cabriolas. A cultura africana inundou o imaginário infantil com assombrações como o mão-de-cabelo, o quibungo, o xibamba, criaturas que, segundo Gilberto Freyre, rondavam casas-grandes e senzalas, aterrorizando criança malcriada.

Não poderíamos, tampouco, incorporar as teses de um epígono americano de Ariès, Lloyd de Mause, para quem a história dos pequenos seria apenas um catálogo de barbáries, maus-tratos e horrores. No que diz respeito à História do Brasil, encontramos, de fato, passagens de terrível sofrimento e violência. Mas não só. Os testamentos feitos por jovens mães, negras livres, escravas ou forras, no século XVIII, não escondem a preocupação com o destino de seus “filhinhos do coração”. Os viajantes estrangeiros não cessaram de descrever o demasiado zelo com que, numa sociedade pobre e escravista, os adultos tratavam as crianças.

Nos dias de hoje, educadores e psicólogos perguntam-se, atônitos, de onde vêm o excesso de mimos e a “falta de limites” da criança brasileira, já definida, segundo os resmungos de um europeu de passagem pelo Brasil em 1886, como “pior do que um mosquito hostil”. O excesso de mimos não era fortuito. Sabemos, graças aos estudos de antropólogos, que a recepção de uma criança na sociedade africana era fonte de imensa satisfação. Muitos dos ritos que cercavam o nascimento foram transpostos para o Brasil. Ao nascer, os pequenos de origem nagô eram untados com óleos e imersos em banhos de folhas com a finalidade de proteção. Entre os cassanjes, toda a comunidade participava do parto, não trabalhando no campo, nem tocando em instrumentos cortantes. Tão logo a criança nascia, tinha o narizinho apertado e a cabeça massageada para adquirir uma forma que parecia, às mães de origem africana, mais estética. Os umbigos eram curados com pimenta-do-reino em pó9. Em fins do século XVIII, o médico francês Jean Marie Imbert10 registrou, entre atônito e chocado, a bulha festiva de comadres, parteiras e amigas em torno da africana que estivesse dando à luz. Nenhum gesto era destituído do mais profundo simbolismo.

O batismo, obrigatório nas senzalas, consistia num rito de purificação e de promessa de fidelidade ao credo católico, mas significava também uma forma de dar solenidade à entrada das crianças nas estruturas familiares e sociais. No caso dos filhos de escravos e libertos, os laços estabelecidos graças ao sacramento do batismo eram também étnicos e culturais.

A amamentação durava dois anos e a dentição era acompanhada com cuidado. O primeiro dentinho era festejado com farinha e caulim, símbolo da prosperidade. O lugar, mesmo dos pequenos, dentro da sociedade era de ordem ontológica. A criança era uma porta entre o presente e o passado personificado nos ancestrais. Muitas recebiam, para além de um nome cristão, aquele de um animal e de um orixá. Ao nascer, seus pais plantavam uma árvore, símbolo de seu futuro vigor e força. A passagem para o mundo adulto realizava-se através da circuncisão de meninos aos 12 ou 13 anos. No Brasil, tais ritos eram festejados nas festas de Quicumbi, nas quais os “mometos”, circuncidados com taquaras, bailavam e dançavam antes de passar, com os convivas, a um banquete11. Se morriam pequenas, as crianças negras eram carregadas num tabuleiro recoberto por uma toalha de renda, e suas mães alugavam flores artificiais e coroas para cumprir o dever de enterrar condignamente seus rebentos12.

Os historiadores brasileiros têm que partir de constatações bem concretas, tiradas, na maior parte das vezes, das fontes documentais com as quais trabalham e da sua observação crítica da realidade para contar sua própria história.

A primeira dessas constatações aponta para uma sociedade certamente injusta na distribuição de suas riquezas, avara no que diz respeito ao acesso à educação para todos, vincada pelas marcas do escravismo. Como fazer uma criança obedecer a um adulto, como queria a professora alemã que vai, na segunda metade do século XIX, às fazendas do Vale do Paraíba ensinar os filhos dos fazendeiros de café, quando estes distribuem ordens e gritos entre os seus escravos? E não são apenas as crianças brancas que possuem escravos. As mulatas ou negras forras, uma vez seus pais integrados ao movimento de mobilidade social que teve lugar em Minas Gerais, na primeira metade do século XVIII, tiveram elas também seus escravos. Muitas vezes, seus próprios parentes ou até meios-irmãos! Na sociedade escravista, ao contrário do que supunha a professora alemã, criança, branca ou negra, mandava e o adulto escravo obedecia. Por vezes, em circunstâncias dramáticas.

A dicotomia dessa sociedade, dividida entre senhores e escravos, gerou outras impressionantes distorções, até hoje presentes. Tomemos o tão discutido exemplo do trabalho infantil. Dos escravos desembarcados no mercado do Valongo, no Rio de Janeiro do início do século XIX, 4% eram crianças. Destas, apenas 1/3 sobrevivia até os 10 anos. A partir dos 4 anos, muitas delas já trabalhavam com os pais ou sozinhas, pois perder-se de seus genitores era coisa comum. Aos 12 anos, o valor de mercado das crianças já tinha dobrado. E por quê? Pois considerava-se que seu adestramento já estava concluído e nas listas dos inventários já aparecem com sua designação estabelecida: Chico “roça”, João “pastor”, Ana “mucama”, transformados em pequenas e precoces máquinas de trabalho13. Tais máquinas compravam-se a preço baixo e tinham a vantagem de prometer vida longa em funcionamento.

Trabalho ao longo da infância, sem tempo para a idéia que comumente associamos à infância, a da brincadeira e do riso, era o lema perverso da escravidão. Contudo, a mesma resistência que se lhe opunham os adultos foi transmitida à criança. Não foram poucas as que contrariaram, pela fuga, a obrigação do eito e a exploração. Freyre os acompanhou através de anúncios publicados em jornais pernambucanos e cariocas no século XIX. Eram procurados e caçados, como seus ancestrais.

Quando da abolição da escravidão, as crianças e os adolescentes moradores de antigas senzalas continuaram a trabalhar nas fazendas de cana de Pernambuco. Tinham a mesma idade de seus avós, quando estes começaram: entre 7 e 14 anos e, até hoje, ainda cortando cana, continuam despossuídas das condições básicas de alimentação, moradia, saúde, educação e garantias trabalhistas. Como no passado, o trabalho doméstico entre as meninas também é constante, constituindo-se num “outro” turno, suplementar ao que se realiza no campo. Como se não bastasse a ação de fatores econômicos a interferir na situação da criança, a ausência de uma política do Estado voltada para a formação escolar da criança pobre e desvalida só acentuou seu miserabilismo. Ora, ao longo de todo esse período, a República seguiu empurrando a criança para fora da escola, na direção do trabalho na lavoura, alegando que ela era “o melhor imigrante”.

No início do século, com a explosão do crescimento urbano em cidades como São Paulo, esses jovens dejetos do que fora o fim do escravismo encheram as ruas. Passaram a ser denominados “vagabundos”. Novidade? Mais uma vez, não. A História do Brasil tem fenômenos de longa duração. Os primeiros “vagabundos” conhecidos eram crianças brancas, recrutadas pelos portos de Portugal para trabalhar como intermediárias entre os jesuítas e as crianças indígenas ou como grumetes nas embarcações que cruzavam o Atlântico. No século XVIII, terminada a euforia da mineração, crianças vindas de lares mantidos por mulheres livres e forras perambulavam pelas ruas, vivendo de expedientes muitas vezes escusos – os nossos atuais “bicos”– e de esmolas. As primeiras estatísticas criminais elaboradas em 1900 já revelam que esses filhos da rua, chamados durante a Belle Époque de “pivettes”, eram responsáveis por furtos, “gatunagem”, vadiagem e ferimentos, tendo, na malícia e na esperteza, as principais armas de sobrevivência. Hoje, quando interrogados pelo serviço social do Estado, dizem, com suas palavras, o que já sabemos desde o início do século: a rua é um meio de vida!

A divisão da sociedade, velha divisão dos tempos da escravidão entre os que possuem e os que nada têm, só fez agravar a situação dos nossos pequenos.

Outra característica desse trabalho é que, diferentemente da história da criança, feita no estrangeiro, a nossa não se distingue daquela dos adultos. Ela é feita, pelo contrário, à sombra daquela dos adultos. No Brasil, foi entre pais, mestres, senhores e patrões que pequenos corpos tanto dobraram-se à violência, às humilhações, à força quanto foram amparados pela ternura dos sentimentos familiares os mais afetuosos. Instituições como as escolas, a Igreja, os asilos e posteriores Febens e Funabens, a legislação ou o próprio sistema econômico fizeram com que milhares de crianças se transformassem, precocemente, em gente grande. Mas não só. Foi a voz dos adultos que registrou, ou calou, sobre a existência dos pequenos, possibilitando ao historiador escrutar esse passado através de seus registros e entonações: seja através das cartas jesuíticas, relatando o esforço de catequese e normalização de crianças indígenas, ou a correspondência das autoridades coloniais sobre a vida nas ruas, pano de fundo para as crianças mulatas e escravas. Seja através das narrativas dos viajantes estrangeiros, dos textos de sanitaristas e de educadores, dos Códigos de Menores, dos jornais anarquistas, dos censos do IBGE, etc.

O que restou da voz dos pequenos? O desenho das fardas com que lutaram contra o inimigo, carregando pólvora para as canhoneiras brasileiras, na Guerra do Paraguai; as fotografias tiradas por um “photographo” como Christiano Jr., que os capturou nas costas de suas mães, envoltos em panos da Costa, ajudando-as com seus tabuleiros de frutas, aprendendo a jogar capoeira, as fugas da Febem. Não há, contudo, dúvida de que foi, muitas vezes, o “não registrado” mal-estar das crianças frente aos adultos que obrigou os últimos a repensarem suas relações de responsabilidade para com a infância, dando origem à uma nova consciência frente aos pequenos, que, se não é, hoje, generalizada, já mobiliza grandes parcelas da população brasileira.

Resgatar esse passado significa, primeiramente, dar voz aos documentos históricos, perquirindo-os nas suas menores marcas, exumando-os nas suas informações mais concretas ou mais modestas, iluminando as lembranças mais apagadas. É pela voz de médicos, professores, padres, educadores, legisladores que obtemos informações sobre a infância no passado; essa fala obriga, contudo, o historiador a uma crítica e a uma interpretação de como o adulto retrata o estereótipo da criança ideal, aquela saudável, obediente, sem vícios, a criança que é uma promessa de virtudes. Mas, face a essas vozes adultas, é preciso colocar-se algumas questões: será que, numa sociedade historicamente pobre e vincada tanto pela mestiçagem quanto pela mobilidade social, conseguimos construir tal modelo de criança? Médicos e legisladores do início do século acreditavam que sim. Eis por que acabaram por criar, a fim de transformá-la, instituições de confinamento onde, ao invés de encontrar mecanismos de integração, a criança “não ideal” achou os estigmas definitivos de sua exclusão. Ela passou de “menor da rua” para “menor de rua”, com todas as conseqüências nefastas implícitas nesse rótulo.

Assim, os cuidados com o corpo, a alimentação, o brinquedo, as formas de religiosidade, os laços familiares se constituem em grandes linhas de pesquisa que atravessariam, de um lado a outro, a sociedade brasileira, guardadas, certamente, as proporções e as especificidades dos diferentes grupos raciais, sociais e regionais. Através de temas presentes na memória e na recordação, associados à coleta de documentos capazes de nos aproximar da vida da criança no passado, podemos tentar reconstituir o seu cotidiano. Da técnica de pré-digestão de alimentos, embebidos na saliva dos adultos, à tradição da culinária africana, do pirão de leite com farinha seca e açúcar bruto; das brincadeiras entre os pés de cana e de café, a chupar fruta sob as árvores; do simbolismo dos ritos de batismo, primeiro entre escravos e livres, aos atuais “ungimentos” ou batismos em casa; também de outros simbolismos, aqueles em torno dos enterros: os nas biqueiras da casa, para criança pagã, ou o cortejo dos anjos carregando pequenos caixões ataviados de papel prateado até as fotografias dos mortos nos colos de sua mães; dos banhos de rio, no Recife, aos banhos de mar, no Rio de Janeiro; de um mundo entrelaçado ao dos adultos e aos familiares, onde desfilavam os rostos dos avós, de tios e primos, de vizinhos e onde o levar e trazer recados, bem como a conversa, eram, nas recordações de um memorialista, “imprescindíveis como a água, a farinha e o amor”.

Por fim, parece-nos evidente que querer conhecer mais sobre a trajetória histórica dos comportamentos, das formas de ser e de pensar em relação às nossas crianças negras é também uma forma de amá-las, todas e indistintamente, melhor.

Fonte:www.construirnoticias.com.br
Por.Mary Del Priore

Parabéns a todos os Dentistas


Comemora-se o Dia do Dentista em 25 de outubro porque nesta data, em 1884, foi assinado o decreto 9.311 que criou os primeiro cursos de graduação de odontologia do Brasil, no Rio de Janeiro e na Bahia. Uma portaria do Conselho Federal de Odontologia tornou a data oficial para a comemoração do Dia do Dentista Brasileiro.

Dura realidade...

Dura realidade...